Muito antes de serem apenas companheiros e amorosos amigos, os cães eram criados e adaptados por suas excelentes habilidades de caça, pastoreio, olfato, rastreio, força e resistência. Ao longo de milhares de anos, os seres humanos selecionaram filhotes e cruzaram cães especificamente com base em características físicas e mentais para desempenhar diferentes funções, dando origem aos diferentes tipos ou grupos caninos, que consistem em raças semelhantes entre si. Entenda essas classificações!
Certamente você já se perguntou sobre a origem de alguns termos como “pastor”, “spitz”, “hound”, “pointer” ou “retriever”, presentes em nomes de várias raças. Esses nomes refletem as funções que cada grupo de raça desempenhava, o que formou diferentes classificações.
Atualmente, essas classificações são estabelecidas pela Federação Cinológica Internacional (FCI) e pela Federação Brasileira de Cinofilia (CBKC) no Brasil, que dividem as raças em 10 grupos distintos em termos de características (11 no caso da federação brasileira), cada um com suas peculiaridades e funções a que eram atribuídos ao longo de anos de evolução. Vamos entender quais raças compõe de cada grupo canino, suas aptidões e suas funções, juntamente com algumas curiosidades. Boa leitura!
Grupo 1: Pastores e boiadeiros
Durante a domesticação de gado e ovelhas, os pastores humanos sentiram a necessidade de proteger seus rebanhos de animais selvagens e outros perigos. Foi assim que recorreram aos cães para auxiliar no pastoreio e na proteção de propriedades.
Os cães pastores são fortes, velozes e resistentes a longas caminhadas. Muitos deles também possuem a pelagem clara para facilitar a identificação em meio ao rebanho. Por sua incrível inteligência, vigor físico, resistência e lealdade, muitos cães pastores e boiadeiros continuam exercendo funções importantes até hoje, como a de cães policiais.
Embora a maioria desses cães sejam grandes, alguns se tornaram pastores por diferentes motivos. Por exemplo, o Corgi, mesmo sem ter a mesma estatura de outras raças, auxiliavam no pastoreio mordendo os calcanhares dos animais maiores para mantê-los em movimento.
Exemplos incluem o pastor alemão, pastor belga, boiadeiro australiano, corgi e border collie.
Grupo 2: Cães de Guarda, Trabalho e Utilidade
Esse grupo canino possui uma grande variedade de raças que possuíam funções e trabalhos distintos durante a história, mas, em geral, desempenham papeis de guarda e defesa. Este grupo também inclui os cães trabalhadores, que possuem aptidão para realizar diversas tarefas que auxiliam os humanos.
Entre os cães de guarda, defesa e trabalho estão os pirineus, o são bernardo, o rottweiler, o boxer, o dobermann e o pinscher.
Surpreendente, o pinscher miniatura, apesar do seu porte pequeno, é um exímio cão de guarda e caçador de pragas, como roedores. Os cães dessa raça são praticamente “dobermanns em miniatura”, que por conta da sua lealdade e agressividade contra invasores, servem como alerta com seus latidos.
Neste grupo também estão os dogues (ou dogo), originalmente utilizados para a caça de animais grandes, como javali e ursos.
Obs: na categoria atual da FCI, o grupo 2 é composto por “Pinscher e Schnauzer, molossoides, cães de montanha e boiadeiros suíços”, incorporando cães de guarda e outros com características similares, mas com funções diversas. Alguns cães desse grupo, como os rottweilers, são excelentes cães de guarda, mas também são ótimos como boiadeiros ou animais de tração.
Grupo 3: Terrier
Os cães terrier são raças de cães desenvolvidas inicialmente para a caça de pequenos animais. Geralmente de porte pequeno e médio, os terriers são extremamente corajosos, persistentes e possuem uma personalidade energética.
Originalmente, os terrier eram cães dominantes e apresentavam agressividade contra outros animais, devido ao seu instinto de caça motivado pelos humanos. Eles eram usados como busca e enfrentamento de animais pequenos que se escondiam em tocas sob a terra, como raposas, fuinhas e ratos. Daí o nome “terrier”, derivado do latim “terra”.
À medida que a necessidade de caça diminui, a sua popularidade como animais de estimação e companhia aumentou. Apesar de sua origem como caçadores, por sua natureza pequena, resistência e fácil manutenção, os terriers se tornaram excelentes companheiros domésticos, amorosos e afetuosos. Os terrier modernos não são criados mais por suas habilidades de caça, mas sim por sua beleza, companheirismo e pelagem brilhante.
Tirando os cães sem raça definida, uma raça pertencente ao grupo terrier é a mais popular nos lares brasileiros: o Yorkshire terrier. Além dessa raça, outras incluem fox terrier, terrier brasileiro (fox paulistinha) e o bull terrier.
Grupo 4: Dachshunds
O grupo 4 é composto exclusivamente por uma raça: os dachshunds, também conhecida como teckel. No Brasil, esses cães são carinhosamente chamados de “salsichas” ou “salsichinhas”
Esses cães compridos e de perninhas curtas são exímios caçadores de tocas. Seu olfato aguçado lhes permite rastrear pistas com precisão. Além disso, sua estrutura física única, com membros curtos e corpo alongado, os torna habilidosos em entrar em tocas e atacar suas presas de surpresa. Não é por acaso que “dachshund” significa literalmente “caçador de texugos” em alemão.
Apesar de sua estatura menor, os “salsichas” também eram habilidosos como sabujos, perseguindo, atacando e distraindo animais maiores até a chegada do caçador. Atualmente, o dachshund é um excelente cão de companhia, conhecido por sua extrema inteligência e afeto pelo tutor. Em alguns lugares da Europa, essa raça ainda é utilizada como companhia de caça.
Grupo 5: Cães do tipo primitivo, nórdico e spitz
Os cães desse grupo possuem algumas características específicas, como uma vasta pelagem dupla, essencial para protegê-los do frio, orelhas em formato triangular e o rabo pontudo. Essa classificação engloba os cães que, apesar da evolução e da diversidade de portes, ainda exibem semelhanças físicas e comportamentais com ancestrais lobos.
Esses cães desempenharam diversas funções em várias regiões do mundo durante os anos. O chow chow é conhecido por ser um excelente cão de guarda, silencioso e não agressivo. O akita, por sua vez, era um lutador habilidoso e foi até usado em guerras antigas, enquanto o husky siberiano é famoso por sua capacidade de tracionar trenós em climas extremos. Em geral, esses cães vivem melhor em climas frios e se movem com facilidade na neve.
Os cães do tipo primitivo, nórdico e spitz, apesar da sua semelhança fisiológica com os lobos, são extremamente dóceis e sociáveis, além de inteligentes e independentes.
Além das raças mencionadas, outros cães desse grupo são o malamute do Alaska, o spitz alemão e o lulu-da-Pomerânia.
Grupo 6: Cães sabujos e rastreadores
Esses cães apresentam excepcional resistência física, capacidade de perseguição e, é claro, um olfato inigualável. Até hoje, muitos cães desse grupo ainda desempenham funções importantes, como os cães farejadores em aeroportos ou auxiliando na busca por pessoas desaparecidas.
Os sabujos são cães de caça que mantêm o instinto para o trabalho coletivo em matilha. Originalmente, eles rastrearam e caçavam as presas junto com outros cães ou com os humanos. Alguns cães sabujos conseguem sentir o cheiro de um animal que passou pelo local há quatro dias.
Os cães desse grupo são destemidos, incansáveis e persistentes, muitos deles possuem narinas proeminentes que contribuem para o seu olfato aguçado. Algumas raças deste grupo incluem o bloodhound, beagle, basset hound e dálmata. A palavra “hound”, em inglês, significa “cão de caça”.
Grupo 7: Cães de aponte
Também conhecidos como cães de mostra ou cães apontadores, esses animais foram desenvolvidos e treinados para auxiliar os caçadores que utilizam armas de fogo.
Os “pointer” recebem esse nome justamente porque usam uma técnica inusitada para auxiliar os humanos na caça: Após explorar o terreno, eles conseguem detectar a presença de uma presa, ficam completamente imóveis e tensionam o corpo, apontando com o focinho na direção do esconderijo da caça, principalmente aves, permitindo ao humano atirar com precisão.
Esses cães são cheios de energia, inteligentes e possuem um olfato super aguçado. Algumas raças incluem o pointer inglês, o braco alemão e o setter irlandês.
Grupo 8: Levantadores, retrievers e cães d’água
Você já parou para pensar sobre a origem do nome “golden retriever”? Em tradução literal, “retrieve” significa “recuperar”, e “golden” é “dourado”. Assim, o golden retriever é literalmente um “recuperador dourado”.
Originalmente, os retrievers eram cães que tinham a função de recuperar a caça abatida e trazê-la ao caçador, principalmente aves. Os outros cães desse grupo possuem funções semelhantes: os levantadores são responsáveis por espantar a presa para que ela possa ser avistada à distância, e os cães d’água são especializados em recuperar ou espantar as presas em ambientes aquáticos, como lagos e rios.
Os cães desse grupo são extremamente inteligentes, possuem faro aguçado e são facilmente adestrados. Por isso, muitos possuem uma variedade de tarefas até hoje, desde cães guias até farejadores e cães de salvamento.
Algumas raças incluem o cão d’água português, labrador retriever, golden retriever e cocker spaniel.
Grupo 9: Cães de companhia
Os cães deste grupo desempenham a função essencial de todos os cães: serem companheiros amorosos e leais para os humanos. Aqui estão os cães que não possuem funções específicas além de proporcionar amor e alegria aos seus donos, sendo especialmente treinados e dedicados ao convívio com os tutores. Os cães de companhia são amorosos, dóceis e adoram brincadeiras.
Neste grupo também estão incluídos cães que foram desenvolvidos principalmente por sua aparência, sem uma função física ou trabalho em mente.
Algumas raças neste grupo tiveram funções diferentes no passado, mas acabaram não se destacando tanto quanto outras raças em suas tarefas originais, ou até mesmo desenvolveram problemas de saúde. Por exemplo, o poodle originalmente era um cão d’água, e o Chihuahua, apesar do seu pequeno porte, é um habilidoso caçador e cão de guarda.
Além dos exemplos já citados, outras raças incluem o pug, shih tzu, pequinês e maltês.
Grupo 10: 
Os cães desse grupo são reconhecidos principalmente por sua incrível velocidade. Algumas raças, como o greyhound (ou galgo inglês), estão entre as mais rápidas do mundo, alcançando impressionantes 72 km/h.
Originalmente, esses cães desempenhavam um papel fundamental auxiliando os humanos na caça à lebre. Ao contrário dos sabujos, que utilizam majoritariamente o olfato para caçar e rastrear, os galgos caçam predominantemente com base na visão. Eles perseguem a presa, mantendo-a constantemente em sua linha de visão e detectando rapidamente seus movimentos.
Os cães galgos possuem orelhas menores que não obstruem a visão panorâmica, assim como pernas longas, tórax profundo, cintura estreita e o corpo magro. Essas características permitem que mantenham um peso baixo e favorecem a incrível agilidade para atingir altas velocidades.
Além do greyhound, outras raças são o wolfhound irlândes, o galgo afegão, o borzoi e o whippet.
Bônus: Grupo 11: Raças não reconhecidas pela FCI
No Brasil, temos algumas raças que são oficialmente reconhecidas pela Confederação Brasileira de Cinofilia, porém não possuem reconhecimento internacional pela FCI. Entre elas, encontramos algumas raças brasileiras e internacionais que se encaixam em diferentes grupos de classificação.
Algumas destas raças são populares tanto no Brasil quanto no mundo, embora ainda não tenham pedigree internacional. Entre as mais notáveis estão o american bully, pit bull, buldogue campeiro, buldogue serrano e ovelheiro gaúcho.
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